quarta-feira, 4 de março de 2015

A soma de nossos dias

Tenho irmãos arrumando namoradinha na escola, cachorros gigantes e um cabelo médio. Se fechar os olhos, consigo me lembrar do exato dia do nascimento dos meus irmãos, de ganhar os cachorros ou de cortar o cabelo chanel. Ao mercado, vejo um pai cuidado atentamente do seu filho com autismo e penso, o que soma os dias dele? O que soma seus dias?
Todos estão no automático, eu também, não é normal, mas agimos como de fosse.  Acordar cedo, comer fruta, trabalho, casa, contas, tragédias, tragédias, tragédias...
Leio uma matéria sobre uma mulher indiana que foi estrupada por dois anos, e agora tem que passar por um "ritual de purificação" do qual há muita dor física para ser aceita na tribo onde vivia, e penso, o que soma os dias dela? Todos estamos no automático. Em frente de casa, no ponto de ônibus, vejo crianças mal vestidas, com frio, vendendo cocada para ajudar a família, e penso, o que soma os dias delas? Concluo. Estar no automático e quase o mesmo que estar desligado. Mas você vê, só não age. Mudar a rota não faz parte do automático.
Elegemos más governadores com as desculpas de que não há nada melhor, não ajudamos quem bate a nossa porta a pedido de ajuda porque "incentivaremos a vagabundagem", não interferimos em tais culturas que desrespeitam as leis humanas porque isso é cultura, e afinal cada um tem a sua. Desculpas. Somamos nossos dias com desculpas. Se desculpando das desculpas.

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